Rei D. João VI
Sobre D.João VI, após ler o artigo de Carlos Egert:
Não diria que ele arquitetou separação e Independência do Brasil. Seus planos iam muito além disso! Prever a Independência do Brasil? Sim! Não era tão difícil imaginar e acabou acontecendo exatamente como ele disse, mas também não era esse seu desejo... O reino e o futuro da civilização lusitana que D.João VI sonhava era muito maior que isso, seria unido, cosmopolita, global, rico, progressista (Dentro da medida do possível para o sistema monárquico absolutista da época em que estava inserido e não abrira mão) e independente! Se não fosse sabotado, vencido seu projeto e ele mesmo sendo assassinado envenenado, hoje, nossa história e papel mundial talvez fosse outra. Ao invés de copiar mal, modelos nortistas francês e anglo-americano, seríamos um outro modelo, Ibérico-Internacional!
Mas a História seguiu outro rumo...
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"👑 JOÃO VI — O IMPERADOR DISFARÇADO DE EXÍLIO
Dizem que D. João VI era um rei hesitante, desajeitado, quase uma anedota de si mesmo… com mãos miúdas, olhos vazios e voz tropeçante. Durante muito tempo, a história escrita por lápis irônicos o desenhou como um bufão coroado, um fardo cômico da monarquia portuguesa. Mas há uma distância abissal entre a caricatura e o homem. E nesse intervalo, cabe a fundação silenciosa de um império.
Porque ele não fugiu. Carregou nos porões da nau a própria ideia de soberania. Como um novo Enéias, atravessou o oceano não com a glória das armas, mas com a lucidez dos que compreendem que a verdadeira coragem, por vezes, veste-se de cautela. Enquanto os tronos europeus ruíam sob o trovão napoleônico, Dom João aportava no Brasil com a dignidade de quem não abandonava o reino — mas o transplantava.
E ao tocar o solo da Guanabara, o Brasil deixou de ser colônia. Já não era mais apêndice — tornava-se coração. Em um curto espaço de tempo, ergueu instituições que seriam pilares duradouros da nacionalidade. A Imprensa Régia, a Biblioteca Nacional, o Jardim Botânico, o Banco do Brasil, o Museu Real, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, e diga-se de passagem, nenhuma dessas obras brotaria sob a penumbra colonial. Foi sob seu cetro que o Brasil foi descoberto de novo, desta vez por si mesmo.
A abertura dos portos às nações amigas, muitas vezes interpretada de modo simplista, foi na verdade um movimento de xadrez diplomático: rompeu com a tutela do pacto colonial sem lançar o país à instabilidade. Ele inaugurava um Brasil comercialmente soberano, economicamente viável e politicamente viável, enquanto a América Espanhola afundava em guerras e fraturas. João VI foi o fiador da unidade territorial do Brasil, ainda que nunca se proclamasse seu imperador.
Acusam-no de covarde por ceder às Cortes de Lisboa; mas esquecem que ele manteve o equilíbrio entre duas pátrias, entre dois oceanos, entre dois séculos. Acusam-no de lento, mas esquecem que a grandeza não se constrói ao galope. Que outro soberano do seu tempo soube dialogar com os ingleses, conter os franceses, apaziguar os revoltosos, proteger a Igreja e preparar, com resignação estratégica, o caminho da independência?
Se Pedro I foi o braço que cortou o laço com Lisboa, João VI foi a cabeça que o guiou. Sua política era feita de silêncios, de acordos discretos, de gestos diplomáticos quase invisíveis. Mais Cícero que César, mais Teófilo que Alexandre. No escuro dos bastidores, governava como quem poda galhos para que a árvore floresça… mesmo que a colheita não seja sua.
As fontes inglesas da época como Lord Strangford, por exemplo — admitem seu talento negociador. Os próprios inimigos políticos reconheciam sua habilidade em manter o equilíbrio entre os interesses da velha metrópole e da nova pátria tropical. Fez do Brasil um Reino, e ao retornar para Portugal, deixou para trás não o caos, mas uma arquitetura institucional capaz de suportar a transição à soberania.
Foi zombado por sua aparência: o rosto largo, o queixo duplo, a papada indolente, as mãos pequenas, o olhar aéreo. Mas por trás daquela imagem repousava um espírito hábil, um temperamento prudente e uma inteligência moldada para a sobrevivência de um mundo em transição. Era, talvez, um rei anacrônico aos olhos modernos… mas profundamente eficaz em seu próprio tempo.
Quando retornou a Portugal, o Brasil já era outro. Deixava para trás não uma colônia desgastada, mas uma nação em germinação. Foi ele quem a tornou possível. Foi ele quem lhe deu forma, instituições, imprensa, palácio, moeda, política externa, e até o sentimento de pertencimento. A terra que ele recebeu como domínio, ele devolveu como embrião de pátria.
Riram dele. Riem até hoje. Mas é preciso dizer: o que fizeram os que riram? A obra de Dom João VI permanece, discreta e intacta nas fundações do país. Ele não foi burro… foi deliberado. Não foi fraco… foi diplomático. Não foi covarde — foi o artífice silencioso da transição mais bem-sucedida do continente.
Por trás da figura cômica, estava o soberano de um Brasil nascente. Por trás do rosto cansado, estava o fundador oculto da unidade nacional. Ele foi, em silêncio, o rei que garantiu que o império pudesse florescer, mesmo que não fosse o seu nome a ser gravado nas moedas do porvir."
Carlos Egert
Presidente-Geral do Diretório Monárquico do Brasil
Fonte: História, Cultura e Curiosidade no Mundo
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Fonte imagem gerada por IA: Diretório Monárquico do Brasil.
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