Durante muitos anos Rostand pensava em transformar a agitada vida de Cyrano de Bergerac em uma peça, mas um incidente ocorrido em Luchon, durante suas férias de verão, motivou-o especialmente. Rostand ali conheceu um jovem apaixonado, que não sabia conquistar a sua amada através das palavras. Rostand ensinou-o na arte da conquista, através de poesia, reflexões, frases espirituosas, de forma que o rapaz rapidamente conquistou a sua amada, alimentando em Rostand a possibilidade de relacionar o facto à vida de Cyrano.
Passou a idealizar, mentalmente, o ator para o papel principal. Sarah Bernhardt, que conhecia tal preocupação, aproximou Rostand de Constant Coquelin, e o entusiasmo foi recíproco, fazendo com que se lançasse ao trabalho com afinco.
Por ocasião da estreia da peça, Rostand dedicou-a a Coquelin, que incorporou a alma da personagem com tal vigor, que durante anos o papel nos palcos franceses foi monopólio seu. Coquelin trabalhava a personagem com particular atenção; para o nariz de Cyrano, por exemplo, chegou a exigir cinquenta modelos, em cera, antes de escolher o que mais se adaptava ao papel. O tipo de nariz escolhido foi, pois, o adotado por seus sucessores.
Supõe-se que o sucesso de Cyrano de Bergerac, na época, deve-se principalmente ao fato de os franceses o terem convertido num símbolo popular, na encarnação do ideal do povo, do espírito nacional, representando o homem que nutre desprezo pelos poderosos, que é corajoso, nobre de sentimentos, sensível, capaz de se sacrificar pela felicidade alheia.
A peça inteira é escrita em forma de poema, com pares de versos rimados. Os primeiros quatro atos passam-se em 1640, e o quinto é em 1655.