sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Apocalypto

 





Título Original: Apocalypto 
Direção: Mel Gibson 
Tempo de Duração: 139 minutos 
Ano de Lançamento (EUA): 2006 
Site Oficial: www.apocalypto.com 
Sinopse: Jaguar Paw (Rudy Youngblood) levava uma vida tranquila, que foi interrompida devido à uma invasão. Os governantes de um império maia em declínio acreditavam que a chave para a prosperidade seria construir mais templos e realizar mais sacrifícios humanos. Jaguar é capturado para ser um destes sacrifícios, mas consegue escapar por acaso. Agora, guiado apenas pelo amor que sente por sua esposa e pela filha, ele realiza uma corrida desesperada para chegar em casa e salvar sua família. 
 

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Opinião: 
Recentemente assisti ao pouco badalado último filme do ator e diretor Mel Gibson, Apocalypto! Gostei muito, talvez o melhor filme dele até agora. Mil vezes melhor do que o tendencioso "O Patriota" ou mesmo "Coração Valente" e a "Paixão de Cristo", que tem lá seus charmes mas são muito exagerados e narram sagas, mitos, não a História. Esse novo trabalho pelo contrário, mostra um diretor mais seguro em falar da história da América ao mesmo tempo em que consegue entreter, informar e na medida do possível para Hollywood, ser pouco maniqueísta. O filme, como em todas as boas produções, parte de uma trama simples mas com grandes idéias e conceitos. Ele é mais do que aparenta. Ao narrar as aventuras de um índio, que para sobreviver com o que sobrou da sua família e tribo depois de saqueada por um grupo maior até o grande final em uma única imagem que explica tudo no melhor estilo "Planeta dos Macacos", Mel Gibson chega na sua obra mais redonda, enxuta e madura fase como diretor! Trata-se de muitas coisas em uma obra só. Você pode fazer tantas interpretações e leituras quanto quiser, seja através de uma análise sociológica, antropológica, econômica, militar, ou de várias formas. Após ter sua aldeia atacada, dizimada e escravizada por uma civilização indígena muito maior e mais complexa do que a pequena aldeia onde vive nosso herói protagonista, começa então uma longa batalha desse, para superar as dificuldades de uma fuga quase impossível dos seus carrascos e salvar sua esposa e filhos depois de ter sobrevivido a eventos extraordinários! Para quem não viu o filme, recomendo que pare essa leitura por aqui pois para prosseguir com essa pequena resenha seria impossível não falar sobre o grande final. Esse tipo de estrutura de roteiro não é novo mas ainda funciona perfeitamente para temas como esse. O final sendo de extrema importância nos fascina e fecha a mensagem e o conteúdo da obra! Porém, fica uma grande pergunta no ar: O que ele quis dizer com isso? Qual é o ethos dessa história? O que significa após mostrar toda uma relação social de uma sociedade indígena pré-colombiana com a chegada dos europeus na América? O que o diretor estadunidense, descendente de ingleses, quis nos colocar? Pergunto isso, pois o filme que tem como marca registrada do seu autor a violência, a política e a moral como conceitos fortes em todas as produções realizadas por ele até agora, nos mostra uma visão totalmente contra os ideais do bom selvagem indígena apontando bons e maus misturados dentro de um mesmo espaço antes da presença européia. Eles matam, saqueiam, escravizam, mas também constroem, cultivam e se desenvolvem. Logo, o espectador (principalmente se for latino-americano), depois de terminada a película se pergunta: Então nem tudo de mal na História foi causado pelos europeus? Já havia na América, injustiça, dor e morte?Somos o que somos, pro bem ou pro mal, não por causa dos europeus? No entanto, na minha opinião nada disso foi a grande questão do filme ou pelo menos assim eu o entendi. Pra mim, trata-se de questões filosóficas que o autor esta levantando. Dentre várias, o papel da família e sociedade mas principalmente a de PODER que existe em qualquer relação entre os indivíduos pelo mundo, seja ele físico, político, moral, sobre o medo, etc. Isso fica sugerido em várias passagens da trama, quando um filho obedece a seu pai, um soldado desafia seu superior, um estadista comanda multidões e um povo domina outro povo. A impressão que temos é que o filme esta querendo nos dizer: É isso mesmo! O mundo dos seres humanos é o mundo do Poder! O mundo de quem TEM o poder, seja ele material ou não. Horrível pensar assim mas também realista... Enfim, por tudo isso e muito mais questões que Apocalypto apresenta, fica minha dica de um bom filme e esse debate por minha parte aberto a discussões...


RM.

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