sábado, 7 de maio de 2022

RIP George Perez

 















Faleceu o artista George Perez (1954-2022)

Que triste, mas, infelizmente, até pelo próprio, esperada notícia.

Desde o ano passado, ele mesmo, já vinha "nos preparando" para isso ao revelar sua doença e condição irreversível. Até nesse aspecto, com essa atitude, ele foi, como poucos, genial, certeiro e honesto!

Um artista singular, brilhante, hiper talentoso e referência!

Não posso dizer que sou um grande fã (sim, sou só um fã, tenho muita coisa dele em casa!) daquele tipo que o acompanhava em tudo, pois sempre tive uma "diferença de idade' perante seu público e trabalhos. Em seu auge nos anos 80 eu ainda "estava na Turma da Mônica" kkk.. pra se ter uma idéia.. Logo, sempre estive um passo atrás em sua carreira. 

O tinha mais como um dos grandes mestres do passado, da "geração anterior" (artistas como o próprio Neal Adams, infelizmente falecido também recentemente; Kurt Busiek, John Buscema, Roy Thomas, Dennis O'Neil, etc) apesar dele ainda produzir. Era como se fosse: "coisas daqueles primos mais velhos", que liam Titãs, Conan, Drácula e etc.

Então quer dizer, não era efetivamente, minha praia, mas.. seeempre ficava intrigado! Seu traço, suas capas, layouts, personagens... Uma estética um tanto "ultrapassada", para aquele momento, mas ainda muito rica, detalhada e bem embasada.

Mais tarde, e de certa forma continuo até hoje (pelas suas reimpressões da vida), é que fui correr atrás de conhecer realmente seu trabalho.. E que trabalho!

Agora entendo aquela geração, e o porquê, de torcerem o nariz para a posterior "Era Image" nos anos 90 citada nesse texto abaixo! (um parêntese: ainda não sou contra a Image, ok? rsrs, cada tempo, teve seus "heróis"... )

...Bom, aquela geração, está indo embora, se despedindo de seus artistas... Mas seus trabalhos, esses, vão para sempre ficar!

Descanse em paz mestre George Perez.

😔

RM.


...


Sobre George Perez:

(Texto retirado da pág. O Rei dos Gibis, Facebook)

RIP GEORGE PÉREZ. 


George Pérez esteve em destaque no final de 2021 pela notícia do diagnóstico de um câncer inoperável; desde então contrariando todas as expectativas de uma pessoa vivendo essa situação, afirmou a vida no contato com os fãs, visitou comicshops por todo Estados Unidos, comunicou-se quase que diariamente via facebook e causou comoção plenamente justificada por isso.


Pérez foi um menino filho de pais porto-riquenhos nascido no South Bronx, em Nova York e desenhava desde os 5 anos de idade, antes de saber falar inglês. Conseguiu o primeiro emprego profissional no mundo das HQs como assistente de Rich Buckler em 1973. Desenvolveu o ofício e desenhou nos anos 70 para a Marvel muita coisa que mora no coração dos fãs até hoje: Vingadores, Quarteto Fantástico.


Mas se tornou realmente um dos Grandes ao entrar para a DC, que há muito tempo tentava um sucesso pop como os da Marvel. A entrada de Pérez e do escritor Marv Wolfman mudou os rumos da editora para sempre: primeiro com OS NOVOS TITÃS, aventura de espírito jovem, narrativa ágil, diálogos saborosos de Wolfman e acima de tudo a arte maravilhosa de Pérez, que mesclava um detalhismo espantoso com layouts limpos e abertos. A cereja no topo: um amor insuspeito pelo gênero, um prazer no desenho de super-heróis contagiante, despretensioso e genial. Total compreensão do meio pelos autores, gerando o maior título da DC em muito tempo, competindo gibi a gibi com os até então imbatíveis X-Men da Marvel.


O resto é história: novamente com Wolfman escrevendo, Pérez desenhou sua Magnum Opus, a obra-prima pela qual será sempre lembrado e redescoberto: CRISE NAS INFINITAS TERRAS, a maxissérie em 12 edições que numa tacada só revolucionou o mercado dos quadrinhos, definindo um evento anual que as grandes editoras repetem com sucesso variado, mas nunca superado, até hoje. É seu trabalho definitivo, transbordando em cada página entusiasmo pela aventura de super-heróis direta, sincera, totalmente despida de cinismo e afirmando um estilo inacreditável, preciosista, onde cada detalhe é desenhado em todo seu esplendor e a narrativa visual corre solta, sinuosa e genial, limpa e de fácil compreensão visual.


Meu encontro com a arte de Pérez foi no seu retorno à Marvel em DESAFIO INFINITO, e me lembro moleque olhando aqueles desenhos incríveis no formatinho; Thanos, Doutor Estranho, o Surfista.....ele não terminou a série, e dali em diante fiquei alucinado para descobrir seus trabalhos. Fui e sou muito feliz curtindo seus desenhos, imaginando simplesmente como ele conseguia fazer tudo aquilo. É uma alegria imensa.


Mas ele ainda produziria muita coisa sensacional, notadamente uma fase de VINGADORES com Kurt Busiek, escritor do sucesso revisionista de Marvels. Fizeram no final dos anos 90 a HQ que detonou um retorno da Marvel a uma narrativa inspirada pelo estilo dos anos 70 e 80 e ajudou a enterrar o histrionismo de pouco conteúdo da Image e sua ética de ‘sucesso à qualquer preço’. Durante três anos criaram uma fase memorável do grupo que ainda é meta de superação para toda equipe que assume o título. Sobre sua impressionante disposição para desenhar sem perder prazos por mais de 30 edições que renderam na virada dos anos 2000 o prêmio de melhor desenhista pela escolha dos fãs na Wizard americana, Pérez disse, no início de sua caminhada pelo título: “Quero fazer isso primeiro por amor aos personagens, eles são os cavaleiros da távola redonda da Marvel, e eu e Kurt pensamos que eles foram um pouco incompreendidos pelas equipes que passaram pelo título, tentando transformá-los numa versão dos X-Men, o que eles não são. Mas principalmente quero apresentar meu trabalho para uma nova geração. Quando estava fazendo Desafio Infinito para a Marvel no início dos anos 90 um fã numa convenção veio me abordar e disse para mim sem um pingo de ironia, muito simpático: ‘Você será o próximo Todd McFarlane!’. Aquilo nunca mais saiu da minha cabeça, e senti que devia isso a uma nova geração que não sabia do que eu era realmente capaz!”


E Pérez ainda desenhou VINGADORES VERSUS LIGA DA JUSTIÇA, crossover de 2003 novamente escrito com brilho por Busiek. O encontro definitivo entre as duas equipes é venerado por todos nós que gostamos de quadrinhos de super-heróis. É o suco da melhor ficção saída da cabeça do escritor onde os personagens das duas editoras tem momentos históricos e relevantes, interagem de maneira brilhante e acima de tudo foi a volta da vitória de Pérez, onde pôde desenhar centenas de heróis, batalhas extasiantes e exercitar seu estilo impressionante mais uma vez.


Destaquei esses trabalhos mas sobre George Pérez todo mundo tem seu gibi marcante, favorito. É uma carreira brilhante, extensa, exclusivamente feita de altos. O único ponto baixo a mencionar é que essa mágica infelizmente teve um ponto final: sua vida foi interrompida hoje de maneira abrupta; fica a carreira de uma gênio desse quilate. Mas é a mesma vida que permitiu a ele produzir tanta beleza que nos deu tanta alegria, e essa beleza não vai acabar nunca, porque ela é passada adiante e transforma seu trabalho em legado, assim como Kirby passou adiante antes dele, e assim será.


GEORGE PÉREZ homenageado de forma humilde nessa página com algumas das capas geniais que ele criou, foi à sua maneira um Super-Herói. Super-Herói serve pra motivar a gente, inspirar a criar novos mundos, a fazer a coisa certa, a não abaixar a cabeça em tempo de crise. Existe no papel e existe na vida, a gente conhece um monte. Tem na família, no círculo de amigos, eles vivem por aí.


E como sabemos, Super-Heróis não morrem. 


GEORGE PÉREZ 

09/06/1954 - 07/05/2022

Fonte:https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=705555814093093&id=100039160432441

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