WAR GROW 50 Anos: 1972 - 2022 !
E chegou o aniversário de cinquenta anos desse grande clássico dos jogos de tabuleiro no Brasil... Sim, estou falando dele mesmo, o nosso querido: WAR ! Junto, vem também o de sua famosa editora que nasceu na mesma época: GROW !
O que falar dele? Não sei nem por onde começar...
O jogo responsável, e acredito que de muita gente no país, pela minha entrada nesse universo de jogos analógicos lá pelos anos 80!
Antes de começar, deixa eu fazer um "mea culpa" perante... (Sim, ao longo desses 50 anos já o amei e odiei na mesma intensidade, por diversas vezes e razões, heheh). Alguns anos atrás, aqui mesmo no blog, fui super crítico e pejorativo quando o mencionei. Era o ano de 2009-10 e a marca Hasbro (maior concorrente, estadunidense), entrava direto, sem licenciamento, no mercado brasileiro, lançando seu famoso Risk! (edição revisada: "Factory"). Adquiri uma cópia, e logo, fiquei encantado com o tal "original", famoso, internacional, sua mecânica, formas de jogar, etc., e tive um sentimento de repulsa, "enganação", aversão pelo WAR, pois as regras do Risk eram mais dinâmicas e interessantes... Fui injusto e áspero nas minhas colocações. O WAR não é uma "cópia mal feita e elaborada" como o chamei antes. Ele tem sim, diferenças! Mas essas diferenças, agregam outros elementos e mecânicas, e não necessariamente ruins ou inferiores, apenas diferentes. Peço desculpas.
Bem, mas vamos lá...
Essa história, pelo o que a própria empresa fabricante nos conta, começou lá no centro e depois numa garagem no bairro da Mooca em São Paulo, em 1972, com os quatro sócios fundadores da GROW (daí teria surgido o nome da marca com as letras das iniciais dos nomes deles: 'G' de Gerald Reiss, 'R' de Roberto Schussel, 'O' de Oded Grajew e o 'W' variou de 'V' de Valdir Rovai, para dar melhor sonoridade!) Eles haviam sido estudantes da Escola Politécnica de São Paulo e resolveram abrir uma firma de brinquedos e jogos e lançar no Brasil o recém criado e nomeado WAR (que seria o Risk lá de fora, que eles já conheciam, o trazendo para cá!).
Temos que lembrar, que nesse período o país não tinha grandes jogos de tabuleiro modernos. O mercado era quase inexistente, com poucas opções além dos tradicionais, xadrez/damas e derivados. A indústria de brinquedos engatinhava e tirando o Banco Imobiliário (Monopoly na versão Hasbro) da Estrela, mais antigo, quase nada do gênero existia para o público juvenil-adulto no Brasil. A idéia era apresentar ao público brasileiro esse clássico que já tinha uma fama e história lá fora desde seu antecessor francês dos anos 50: La Conquête Du Monde (do produtor Albert Lamorisse, inicialmente um eurogame, depois vendido para a norte-americana Parker Brothers que fez alterações o renomeando Risk, e posteriormente comprada pela Hasbro, com quem está até hoje).
Com isso, um novo jogo acabou nascendo... Apesar da intenção inicial, questões de propriedade intelectual, Copyright, etc., e mais as dificuldades comerciais-industriais da época e política no Brasil, finalmente (mesmo que de forma tímida inicialmente), o jogo, em seu pioneiro formato adulto, foi lançado. Rapidamente se tornou um sucesso de vendas e fazendo o nome da GROW junto de outros produtos como uma das mais antigas e principais marcas no mercado nacional.
O jogo WAR, apesar de variar de outros e ser de aspectos e estilos parecidos, possui diferenças substanciais. Para quem não o conhece é um jogo de estratégia com temática de guerra moderna mundial. Os jogadores são "potências" representadas por cores primárias em peças plásticas que disputam a hegemonia de territórios divididos em um tabuleiro de formato mapa mundial. Os territórios são disputados em "batalhas', confrontos de dados, e cada jogador possuí um objetivo específico a cumprir no mapa. O vencedor é aquele que o cumprir primeiro. De premissa simples mas extremamente envolvente, o jogo alia várias habilidades e características, também de mecânicas e ações. Foi jogado por várias gerações. Figura ainda hoje como um dos jogos mais vendidos no Brasil (vendido em qualquer loja de brinquedos ou mercados!) e é possível afirmar que quase todos no país detém alguma memória afetiva com ele. Afinal, quem não lembra daquelas longas partidas na casa de praia em dias chuvosos? Ou daquele encontro com amigos/parentes onde não havia nada melhor pra fazer a não ser jogar e acabar virando noites "quentes" dele?! E as brigas e confusões "dos dados"?! Hahahahah... Sim, WAR é o jogo da família brasileira!
De 1972 para cá, o jogo teve várias edições oficiais diferentes! Na edição especial de aniversário desse ano, a editora conta cada uma delas em um encarte dentro da embalagem. O jogo foi reeditado várias vezes; com continuação, edições especiais, temáticas, em outros modelos (digital e cartas!), franquias e outras aparições (incluindo até versões "piratas", adaptações de fãs como a polêmica paródia "WAR in Rio" do designer Fábio Lopez ou outros!).
Não vou citar todas, mas para constar, algumas das principais:
WAR, WAR II e WAR Ed.Especial/De Luxo: Essas são as edições oficiais que a empresa sempre edita de tempos em tempos. Trata-se desde o primeiro lançado seguido do seu mesmo em especial (versão melhorada materialmente, isto é; com miniaturas, layout arrojado, melhor qualidade dos componentes e peças, etc). E também da sua continuação; WAR II (1981), do autor português Mario Seabra, onde aparecem nas regras espionagem e os ataques aéreos com aviões.
WAR Império Romano, WAR Batalhas Mitológicas e WAR Vikings: Essas são as três edições temáticas. Lançadas à partir do ano de 2007, são edições que contam com outras regras, mecânicas, materiais, mapas, temas históricos e além. São de grandes autores brasileiros modernos diferentes e apesar de não terem seus nomes creditados nos produtos, é de conhecimento público suas participações nos desenvolvimentos, como: Sérgio Halaban (Império Romano e Batalhas Mitológicas) e Vincente Mastrocola/Vince Vader (Vikings).
WAR Júnior, WAR (Mini), WAR Cards e WAR Digital: Versões adaptadas do jogo para outros formatos. Os dois primeiros atendendo às demandas de suas épocas em porte e regras facilitadas (e até diferentes como a regra dos mísseis no WAR Júnior!). Já os dois últimos, migrando para outros meios (cartas especiais no Cards e para WAR Digital; internet, on line, para apps, consoles, tablets, etc).
WAR STAR WARS e WAR Game of Thrones: Licenciamento de franquias internacionais de sucesso à marca. A primeira quando do lançamento do filme Star Wars EP.I A Ameaça Fantasma e a segunda da série de TV Game of Thrones (HBO).
... Entre outras ...
Bom, vamos as conclusões...
WAR faz 50 anos, vigoroso! É um bom jogo e ainda traz grandes emoções! Mesmo não sendo originalmente uma idéia brasileira, ele é, sim, o NOSSO jogo! "O NOSSO WAR", "É tipo WAR?" Kkkk... Como muitos dizem... Somente o Brasil com o WAR e o Estados Unidos com o Risk possuem tais jogos-marca grandes assim, com esse tema (apesar do Risk se situar historicamente nas guerras dos Sécs.XVIII-XIX) e isso não é de se ignorar... No resto do mundo o que existe é o licenciamento e derivados do Risk (como a versão italiana chamada: Risiko, dentre outras européias; Risco, Krieg... E também o de língua espanhola argentino: TEG, ainda falarei sobre ele), e no nosso caso, talvez isso não ocorra, pela insistência do público brasileiro em jogá-lo! (a vendagem do Risk é menor por aqui). A GROW está de parabéns pelo seu ainda "carro chefe" e suas melhorias e sua manutenção ao longo desses anos!
Contudo, claro, ele tem problemas. Nem tudo são flores nessa longa trajetória. Nas regras, ele não é tão dinâmico quanto o Risk. Por exemplo; demorado, pois privilegia a defesa e não o ataque com seus seis dados (três pra ataque e defesa) ao invés dos cinco do concorrente (três pra ataque e até dois pra defesa!), o que o deixa mais lento, uma vez que os jogadores mais fracos podem se beneficiar disso e têm suas eliminações adiadas mais facilmente já que no caso do empate a vitória é da defesa. A contagem de territórios para recebimento de tropas divide por dois e não três como no Risk (o que faz entrar mais peças no tabuleiro) ou mesmo na fase de deslocamento, esse, se faz por limite do exército deslocado somente uma vez em um território adjacente (e somente até três para tomar) e não por vários territórios conectados sem limites de tropas (tanto pra tomar quanto fortificar), por um movimento de áreas, como no da versão gringa.
Essas mudanças nas ações/fases do turno do jogador acabam o tornando efetivamente diferente, pois em seu caso, elas entram excessivamente com outras mecânicas, como a de Bloqueio, e da conhecida Controle de Área, típicas desse gênero. Ainda podemos dizer que há Gestão de Mão nas cartas (principalmente no WAR-II) e no famoso elemento das "cartas objetivo", uma vez que no jogo Risk original o objetivo significa a dominação global para todos os jogadores! (aqui um parêntese para uma correção: Muitos pensam serem essas cartas do WAR, inexistentes no Risk, mas não são. Elas aparecem em versões do jogo, porém, algumas, com diferenças das do WAR. Objetivos como eliminar tal jogador de tal cor, são, sim, criação do WAR! A ênfase maior desses Risk eram, e ainda é em muitas edições, a eliminação de todos os jogadores para a conquista do mundo. Já nas edições modernas os objetivos são sorteados e abertos no tabuleiro para serem conquistados). Outras, como: Alocação de Trabalhadores (tropas/exércitos no caso), Rolagem de Dados (o mal falado e criticado pelos mais experientes; "dependência da sorte"... Gostaria de saber desses mesmos que assim alegam; qual wargame não os possui? Mesmo que não hajam dados, os conflitos em jogos assim contam sempre, em maior ou menor medida, com o elemento sorte!), diferença de mapas e o desenho dos territórios (a geografia do mapa mundi no Risk é menos verossímil do que na do WAR, além de não trabalhar com as cores primárias nas representações dos continentes. Mas tem outras qualidades, como maiores e melhores conexões entre os territórios marítimos. A exceção é a conexão com o continente da Oceania, onde não há ligação com a Índia como no WAR, o deixando como o único continente sem o mínimo de duas ligações com os outros. E também os territórios como o Cone Sul na América Latina e o Leste Europeu, melhor resolvidos no Risk).
Enfim, comparações à parte, o fato é que até aqui ele chegou... o nosso grande aniversariante! Merece nosso respeito, mesmo que você não o jogue mais e o julgue superado ou ultrapassado ante os boardgames atuais. Se de todo o jogo original não interessar, ainda podemos escolher entre suas tantas edições onde novas regras e até dados (o D8 no WAR Batalhas Mitológicas!) foram lançadas. As novas edições básicas e especiais já vêm com a nova regra de módulos de jogo em equipes e até mesmo a raríssima edição especial de aniversário de cinqüenta anos (kit imprensa) vem com um tabuleiro em quebra-cabeça para apenas dois jogadores... Quer dizer, existem outras opções dele, é só procurar! WAR ainda cumpre sua função, ensina, diverte e surpreende por mais que não pareça.
Por tudo de bom ou ruim em todo esse tempo, para meu velho camarada, finalizo dizendo:
Parabéns pelo Aniversário de 50 Anos WAR-GROW !!!
Bom divertimento!
RM.
😀
🎲♟️🧩
...
WAR
Fabricante: GROW
1972-2022
Site: www.lojagrow.com.br
Abaixo, imagens gerais de várias edições diferentes ao longo do tempo de WAR:
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